MP investiga origem de incêndios e condições de combate no Pantanal
As possibilidades técnicas de atuação das brigadas estão entre os alvos do procedimento
O avanço do fogo na maior planície alagada do mundo, o Pantanal, vai ser investigado pelo MP (Ministério Público Estadual) de Corumbá. O município, distante 419 quilômetros de Campo Grande, mais importante zona urbana do território pantaneiro, é o primeiro do País com mais focos de calor nos 15 dias do mês de setembro. Conforme ambientalistas e o governo do Estado, mais de 90% dos focos de incêndio têm origem ilegal.
Identificar os responsáveis pelas queimadas ilegais é um dos objetivos do procedimento aberto pela procuradora Maria Olívia Pessoni Junqueira. Fortalecer as instituições de combate ao fogo também estão entre as metas da apuração, aberta na última semana.
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IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis), responsável pelo Previfogo; IMASUL (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul; FMAP (Fiscalização Ambiental da Prefeitura de Corumbá; PMA (Polícia Militar Ambiental), Defesa Civil; Corpo de Bombeiros e Exército foram convocados a dar explicações à procuradoria nos primeiros dias do mês.
Conforme o MPE, as convocações foram realizadas para apurar os dados das queimadas; verificar as motivações e condições das queimadas no Pantanal nesta época de setembro (que divergem das queimadas na Amazônia, por exemplo); verificar possibilidades técnicas de atuação dos órgãos responsáveis pelo combate ao fogo; obter elementos para que possam ser adotadas medidas contra os responsáveis que podem ser identificados, além de verificar possibilidades futuras de prevenção.
A investigação já apontou as dificuldades encontradas pelas instituições, seja por falta de recursos materiais e humanos, seja pelos desafios apresentados pelas próprias condições do Pantanal, pela fronteira com a Bolívia, que também é alvo de focos de incêndio, e pela grande extensão territorial de Corumbá.
Também foi verificada a importância da conscientização da população urbana e do campo quanto aos cuidados quanto ao fogo nesta época do ano, especialmente porque muitos focos de calor se iniciam a partir de atos voluntários de indivíduos.
No último sábado, o Campo Grande News publicou reportagem sobre a rotina dos brigadistas que atuam no combate a incêndio no Pantanal de forma temporária pelo salário de R$ 998 por mês. São cerca de 30 pessoas atuando na região de Corumbá.
Focos de incêndio – De acordo com relatório do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), divulgado nesta segunda-feira, nos primeiros 15 dias de setembro, Mato Grosso do Sul registrou 2.070 focos de calor. O número é 219% maior que no mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 642 focos de calor.
O Estado é o 6º do País em número de focos neste mês, ficando atrás apenas de Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia e Maranhão.
O Pantanal concentra os focos de calor no Estado, com 1.352 focos de calor registrados, o que representa 65,3% do total registrado. Com 851 focos, Corumbá lidera o ranking dos municípios com mais focos.