Revista dos EUA reúne 100 cientistas e apresenta roteiro para salvar o Pantanal
Publicação destaca os desafios e as oportunidades para o bioma em Mato Grosso do Sul

“Ciência e prática da conservação no Pantanal: da crise à esperança” é o tema da edição de julho da revista Conservation Science Practice da Society for Conservation Biology, nos Estados Unidos. A publicação é coordenada por cinco pesquisadores e reúne estudos de pelo menos 100 cientistas que pesquisam a maior área úmida de água doce do mundo.
RESUMO
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A revista científica Conservation Science Practice, dos Estados Unidos, dedicou sua edição de julho ao Pantanal brasileiro. Com o tema "Ciência e prática da conservação no Pantanal: da crise à esperança", a publicação reúne estudos de cerca de 100 cientistas sobre a maior área úmida de água doce do mundo. O trabalho, coordenado por cinco pesquisadores, aponta desafios como queimadas, desmatamento e grandes projetos de infraestrutura que ameaçam o bioma. Apesar dos riscos, o estudo destaca iniciativas promissoras para a conservação, incluindo programas de sustentabilidade, governança policêntrica e esquemas de certificação de pecuária sustentável.
A publicação é resultado de dois anos de trabalho e foi organizada pelos cientistas Rafael Morais Chiaravalloti, ex-diretor científico da Ecoa e atualmente professor no University College London, Walfrido Morais Tomas, Peter Leimgruber, Tom Akre e Anthony J. Giordano.
No volume 7 da revista os pesquisadores buscam responder “Como podemos ajudar a celebrar a sustentabilidade do Pantanal”. Em sua rede social Instagram, Rafael Morais Chiaravalloti anunciou a conquista e comentou que “esse trabalho é o começo de uma ação conjunta de proteção e conservação do bioma. E uma ponte entre a ciência, população local e ações práticas na região”.
Como oportunidades para o local, Chiaravalloti celebra boas iniciativas que contribuem com o Pantanal, como o Fundo do Clima, a fazenda pantaneira sustentável, pontes pantaneiras e o ecoturismo com a onça.
“Com certeza há o que melhorar, principalmente, na valorização das pessoas da região”, comenta o pesquisador em entrevista pelo whatsapp.
Para o pesquisador, publicar uma revista científica com a temática no exterior é muito importante para colocar o Pantanal na agenda internacional e trazer a atenção para conservação e preservação do bioma.
Desafios
Chiaravalloti lembra que o Pantanal tem sofrido com consecutivas queimadas e danos ambientais. Conforme ressaltado no editorial da revista, os desafios são alarmantes para o bioma, como incêndios florestais, desmatamento e grandes projetos de infraestrutura
Um exemplo de grandes empreendimentos é a proposta de transformar o Rio Paraguai em uma hidrovia, o que afetaria diretamente a hidrologia e a biodiversidade da região.
O texto aponta que um terço dos corredores ecológicos do bioma já desapareceu e, se a tendência permanecer, a projeção é que 14 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa sejam perdidas até 2050.
Além disso, o editorial afirma que as pressões econômicas crescentes, as mudanças climáticas e a perda de conhecimento cultural tradicional desafiam a histórica posição do Pantanal como modelo de coexistência entre conservação e uso sustentável.
Esperança
Para os pesquisadores, o Pantanal ainda oferece esperança para a conservação da biodiversidade e a sustentabilidade, por meio de iniciativas de conservação baseadas na comunidade, na paisagem e nas espécies. Isso inclui a implementação de um sistema policêntrico de governança, programas de compensação de biodiversidade, cultivo de outras medidas eficazes de conservação da biodiversidade, esquemas de certificação de pecuária sustentável e programas de conservação de espécies focados na coexistência e cooperação.
O documento alerta que é essencial estabelecer oito princípios básicos de conservação para guiar as políticas públicas, considerando a Bacia do Rio Paraguai como uma unidade de manejo única e protegendo os povos tradicionais. Para que o Pantanal retome seu papel como exemplo de conservação, é crucial a continuidade de pesquisas na região, a colaboração entre partes interessadas regionais, governos e profissionais da conservação.
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