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Política

Para escapar de perseguição, aeronave teria se escondido nas nuvens

Paulo Yafusso | 27/10/2015 19:11
Aeronave suspeita foi atingida por tiros que não provocam explosão, e interceptação foi feita conforme critérios definidos em decreto (Foto cedida pelo Portal Guaíra)
Aeronave suspeita foi atingida por tiros que não provocam explosão, e interceptação foi feita conforme critérios definidos em decreto (Foto cedida pelo Portal Guaíra)

A aeronave Neiva EMB-721C, prefixo PT-EXP, conseguiu escapar da perseguição aérea em Japorã no último sábado, ao se esconder nas nuvens depois de ser atingido pelo caça Tucano, da FAB (Força Aérea Brasileira) e chegar no espaço aéreo do Paraguai. A informação foi dada por militares da aeronáutica, em conversa informal, a agentes da área de segurança de Mato Grosso do Sul. Por meio de nota, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, de Brasília, informou que todo o procedimento foi feito seguindo-se o que estabelece o decreto 5.144, de julho de 2004.

De acordo com a nota, “a medida de policiamento aéreo visa forçar o pouso, e não a destruição da aeronave”. Mas o que chamou a atenção é que, mesmo atingido por vários tiros na asa a aeronave não pegou fogo, e o local é onde fica o combustível. Ao ser perguntado se o tanque de combustível do avião interceptado ficava na asa, a assessoria de comunicação da Aeronáutica disse não poder dar essa informação, sugerindo que fosse procurado um técnico da área.

Um piloto ouvido pelo Campo Grande News explicou que o tanque de combustível do monomotor fica nas asas, mas que nesse tipo de interceptação o correto é o alvo não explodir ou pegar fogo mesmo, e que a ação do caça é apenas atingir a asa para forçar o pouso. Comparativamente, seria o procedimento adotado em terra, quando o policial, numa perseguição, tem como prioridade atirar nos pneus para forçar que o veículo pare.

Outro detalhe informado pelo piloto é que, num primeiro momento o caça faz o disparo (tiro de advertência) com projetil traçante, que deixa “rastro”, justamente para que o piloto interceptado perceba que está sendo acompanhado e para que obedeça a ordem de pouso. Em não obedecendo, o piloto do caça faz os disparos já com outro tipo de projetil (tiro de detenção), que não é incandescente, por isso ao atingir as asas não provoca explosão. O tiro faz com que a asa seja perfurada para o vazamento do combustível.

Depois de atingir a aeronave suspeita, o caça faz o acompanhamento até que o avião pouse, e aí por rádio os órgãos de segurança, como as polícias federal, civil ou militar, são avisados para que procedam a investigação e apreensão de produtos ilícitos, caso estejam sendo transportados. No caso da aeronave que foi encontrada em Paranavaí (PR), há suspeita de que estaria transportando contrabando. As investigações estão sendo feitas pela Polícia Federal de Maringá (PR), que não liberou nenhuma informação sobre a descoberta da identidade do dono do avião e do piloto.

Embora não conste na nota emitida pelo Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, o próprio decreto 5.144 é claro ao tratar do assunto. No parágrafo 3º do artigo 3º, diz que “as medidas de persuasão seguem-se às medidas de intervenção e consistem no disparo de tiros de aviso, com munição traçante, pela aeronave interceptadora, de maneira que possam ser observados pela tripulação da aeronave interceptada, com o objetivo de persuadi-la a obedecer às ordens transmitidas.”

E no artigo 5º, diz que a medida de “destruição” só deve ser adotada como “último recurso e após o cumprimento de todos os procedimentos que previnam a perda de vidas inocentes, no ar ou em terra”. E no artigo 6º, que trata das condições que devem ser obedecidas para essa “destruição”, cita no item “V” que ela só poderá ser colocada em prática com “autorização da Presidente da República ou da autoridade por ele delegada”.

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