“Era Mounjaro” provoca queda no número de pessoas aptas a doar sangue
Só é permitido voltar a ser um doador um ano após o fim do tratamento com canetas de emagrecimento

O uso de medicamentos emagrecedores, como o Mounjaro (tirzepatida) e Ozempic (semaglutida), tem um efeito colateral novo: causou uma queda de doadores de sangue. As pessoas que estão em tratamento já são eliminadas no momento na triagem clínica para a doação. Por se tratar de uma injeção subcutânea, o risco de contaminação por uso de perfurocortantes é maior, especialmente em quem aplica em casa e divide o medicamento. Só é permitido voltar a doar sangue após um ano do fim do tratamento.
RESUMO
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O uso de medicamentos emagrecedores injetáveis, como Ozempic e Mounjaro, está impactando a doação de sangue. Usuários desses medicamentos são impedidos de doar devido ao risco de contaminação por perfurocortantes, especialmente pelo compartilhamento das canetas aplicadoras. A restrição se mantém por um ano após o término do tratamento. Além do risco de contaminação, os medicamentos atuam no metabolismo e permanecem no organismo por semanas, podendo afetar receptores de transfusão. A alta demanda por esses medicamentos, com preços variando entre mil e dois mil e quinhentos reais, e o compartilhamento entre familiares, tem dificultado a manutenção dos estoques de sangue nos hemocentros. A Anvisa determinou que, a partir de junho de 2025, a venda desses medicamentos exigirá receita médica em duas vias, visando controlar o uso indiscriminado.
“Em relação à doação de sangue, há também a preocupação com o uso de perfurocortantes. Trata-se de uma medicação que utiliza agulha e, às vezes, pode haver compartilhamento entre familiares, pois é um medicamento caro”, explica Analice Ribeiro, chefe do ciclo do doador do Hemosul. Segundo ela, é comum o compartilhamento da caneta, principalmente entre familiares.
O Ozempic custa em média R$ 1.000 a R$ 1.200 por caneta, que dura cerca de 1 mês, enquanto o Mounjaro varia de R$ 1.500 a R$ 2.500, dependendo da dosagem (2,5 mg ou 5 mg). Esses são os preços praticados nas farmácias e plataformas online sem participação em programas de fidelidade dos laboratórios.
A chefe do ciclo de doação do Hemosul informa que não há um número exato de eliminados, pois eles são retirados da fila logo na avaliação da triagem clínica, mas relata que a ocorrência tem sido cada vez mais frequente.
“Por exemplo, a sibutramina: quem estiver fazendo uso não pode doar sangue. Quando terminar o tratamento, deve esperar 30 dias. No caso de Ozempic e Mounjaro, enquanto estiver em uso, não pode doar sangue; após o término do tratamento, deve aguardar um ano antes de doar, devido ao tipo de medicamento”, detalha a chefe do ciclo do doador do Hemosul.
Os medicamentos de uso contínuo aplicados com agulha são classificados como “perfurocortante domiciliar” pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, o que exigem cuidados para prevenir a transmissão de doenças infecciosas. Além disso, Ozempic e Mounjaro atuam no metabolismo e permanecem no organismo por semanas após a última dose. Partes dessas substâncias podem estar presentes no sangue coletado para transfusão e prejudicar o receptor da transfusão.
A partir de 23 de junho de 2025, medicamentos como Ozempic e Mounjaro passaram a exigir prescrição médica em duas vias e retenção da receita nas farmácias, conforme estabelecido pela Anvisa. Essa medida visa combater o uso indiscriminado desses medicamentos, que têm sido adquiridos sem orientação médica, principalmente para fins estéticos, o que tem gerado efeitos adversos à saúde.
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