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Capital

Com mulher e filho doentes, João perdeu 3 empregos e casa em um ano

Filipe Prado e Bruno Chaves | 30/12/2013 18:11
Nesta segunda (30), João saiu do Hospital Universitário onde o filho ficou internado e não tinha casa onde se abrigar (Foto: Pedro Peralta)
Nesta segunda (30), João saiu do Hospital Universitário onde o filho ficou internado e não tinha casa onde se abrigar (Foto: Pedro Peralta)

Nos últimos 12 meses, um pai de três filhos, mesmo precisando de ajuda e obtendo auxílio após comover as pessoas, não consegue parar no emprego. João Antônio dos Santos Cardoso, 24 anos, vive esta saga desde 2009. Só neste ano, ele conseguiu três empregos após causar comoção, ao expor sua situação, mas, o maior tempo que conseguiu permanecer em um emprego, foram dois meses.

No último, ele conseguiu ficar apenas 15 dias. No total, em três empregos, ele conseguiu permanecer menos de três meses. Em todos, acabou sendo demitido por abandono do serviço. João alega que não consegue manter a pontualidade e a frequência diária por causa dos problemas de saúde dos filhos e da mulher.

Hoje, João está desempregado, vivendo com R$ 166 por mês, benefício do Bolsa Família, e não tem para onde ir, pois teve que sair da casa onde pagava aluguel. “Recebi uma ordem de despejo, pois não pagava o aluguel há dois meses”, conta.

Ele relata que somente este ano conseguiu perder três empregos. “Eu trabalhei dois meses no Extra, 15 dias no Total (empresa de limpeza de) terminal de ônibus e quase um mês na empresa Aurora Alimentos”. E agora não consegue arrumar um emprego e nem lugar para morar.

João explica que sua esposa e um filho de 4 anos sofrem com epilepsia e precisam de atenção, além de suas outras duas filhas, que também têm uma saúde instável. “Eles têm problemas de saúde e não têm ninguém para cuidar, eles ficam de 10 a 20 dias internados, então fico com eles”, relata o rapaz.

As duas filhas do rapaz não possuem doença psiquiátrica, porém a mais nova precisou de cuidados médicos nos últimos meses devido a infecção no intestino (Foto: Pedro Peralta)
As duas filhas do rapaz não possuem doença psiquiátrica, porém a mais nova precisou de cuidados médicos nos últimos meses devido a infecção no intestino (Foto: Pedro Peralta)
João exibe laudos médicos e outros documentos revelando as doenças da esposa e dos filhos. Ele pede ajuda para conseguir um emprego e uma casa para morar com a família (Foto: Pedro Peralta)
João exibe laudos médicos e outros documentos revelando as doenças da esposa e dos filhos. Ele pede ajuda para conseguir um emprego e uma casa para morar com a família (Foto: Pedro Peralta)

Histórico – Desde 2009, João já é “famoso” em Campo Grande. Ele já participou de diversos mal entendidos relacionados a atendimentos de saúde, principalmente com o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
O primeiro foi no dia 5 de fevereiro de 2009, quando ele disse que o Samu omitiu socorro para seu filho, que então tinha somente cinco dias de vida.

Na época, a sua esposa, Walquíria Ortiz de Souza, teve que suspender a medicação para amamentar o filho. Com isso ela começou a ter convulsões e, em uma delas, derrubou o filho, de uma altura de, em média, 1,5 metros.

Ele conta que o Samu não quis liberar o atendimento da unidade móvel para levar o filho para a Santa Casa. “Pior que a indignação é a humilhação”, comentou o pai na época.

Mas o Samu relatou que houve um mal-entendido no atendimento, pois o a médica, que atendeu a ocorrência, perguntou se a criança poderia ser levada pelo pai ao hospital, mas ele não respondeu a solicitação, deixando o atendimento em aberto.

Já neste ano, no dia 4 de agosto, João ficou morando do lado de fora da casa de uma amiga da igreja, pois, segundo ele, o inquilino perdeu a paciência com seu filho. “Ele teve uma das crises e estragou as plantas do quintal. Em seguida, levamos nosso filho ao médico e quando voltamos para casa, ele disse que não queria mais saber da gente lá. Só posso voltar se for para tirar todas as minhas coisas”, relatou no dia.

Dois dias depois, João conseguiu um emprego e uma casa depois de o Campo Grande News noticiar a história dele. O rapaz começou a trabalhar em um supermercado da rede Pão de Açúcar. João também se comprometeu a conseguir uma casa pelo cadastro na Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande).

No dia 18 do mesmo mês, João voltou a mídia para falar sobre a sua filha, de 7 meses, que sofre de deslocamento no quadril e não conseguiu tratamento. Ela teve que esperar na fila do SUS (Sistema Único de Saúde) para realizar uma ultrassonografia de quadril que, até o momento, não havia sido realizada.

Mas João ainda passou por mais um desentendido este ano. No dia 29 de novembro ele relatou que, mais uma vez, o Samu não quis prestar atendimento para seu filho, que estava com suspeita de coqueluche. “A atendente falou que não virão atender meu filho, pois não é um caso de emergência. Ela acabou me xingando e falou para eu me virar”, afirmou.

Mas o serviço explicou que realizou atendimento por telefone e foi informado, pelo pai, que o menino seria levado por condução própria até o hospital. Mas ele acabou ligando mais uma vez pedindo que a ambulância fosse até casa dele.

Segundo os motoristas do Samu, o pai estaria muito agressivo e vetou o atendimento deles. “Eles me disseram que ele estava muito agressivo e não deixou a equipe levar a criança para o médico, então eu autorizei que eles viessem embora, para eu tentar o atendimento pelo telefone”, relatou a médica reguladora Lauren Lopes Ramos.

O telefone de contato de João é 9222-4603.

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