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Capital

Homem perde o emprego e decide “morar” no canteiro da Afonso Pena

Mariana Lopes e Graziela Rezende | 11/08/2013 09:47
Felipe passou a noite ao relento, no canteiro da avenida Afonso Pena (Foto: Marcos Ermínio)
Felipe passou a noite ao relento, no canteiro da avenida Afonso Pena (Foto: Marcos Ermínio)

Desempregado, sem dinheiro para pagar o aluguel e sem ter para aonde ir, Felipe Reis Galarza, de 57 anos, pegou os últimos reais que tinha na carteira e pagou um caminhão de frete para levar os móveis dele até o canteiro da avenida Afonso Pena, próximo ao Camelódromo, em Campo Grande.

A mudança ocorreu na noite de ontem, por volta das 19h30, e Felipe passou a noite e a madrugada ao relento, com a sensação térmica de 1ºC. “Não dormi com medo de alguém levar minhas coisas, e quando o frio apertava, eu começava a caminhar para esquentar”, conta o senhor.

No canteiro, geladeira, fogão, cama, espelho, televisão, mesa, caixas de papelão, entre outros móveis chamam a atenção de quem passa pela principal avenida da cidade. E esta é justamente a intenção de Felipe.

“Isso aqui é o início da delinquência, sei que não tem como obter as coisas de graça, mas estou desempregado e não tenho como me sustentar. Quero chamar a atenção das autoridades para a minha condição de vida, quero ter um emprego para poder pagar uma moradia com dignidade”, ressalta o novo morador da Afonso Pena.

(Foto: Marcos Ermínio)
(Foto: Marcos Ermínio)

Felipe diz que trabalhava em uma empresa como serviços gerais e foi demitido recentemente. “Lá, o cartão de ponto era manual, e sempre que eu errava alguma coisa, era humilhado, daí quando venceu meu contrato, eles me mandaram embora”, explica. Desde que ficou desempregado, ele se manteve com o dinheiro do fundo de garantia, que acabou.

Antes de ir de mala e cuia para o canteiro, Felipe morava de aluguel em uma casa no bairro Dom Antônio Barbosa, região sul da Capital, onde pagava R$ 350. Com o passar do tempo, segundo o senhor, ele não tinha mais condições de pagar as contas e conversou com o dono do imóvel, que deixou que ele morasse na casa sem nenhum custo, com a condição de ele continuar a bancar as contas de água e luz.

Ainda assim, o dinheiro era curto e chegou ao momento que Felipe não tinha mais condições de bancar nem os gastos básicos da residência, mesmo morando sozinho.

Durante a madrugada deste domingo, Felipe afirma que algumas pessoas que passaram pelo local ficaram sensibilizadas com a situação dele e deram comida. Aparentemente desesperado, Felipe afirma que não tem para aonde ir, por isso, pretende ficar no canteiro até que alguém o ajude ou o obrigue a sair do local.

Dia dos Pais – Felipe lamenta por este ser o quinto Dia dos Pais que passa longe dos cinco filhos que tem. Ele conta que se separou deles e da esposa também por causa de problemas financeiros.

“Eu quero que eles vivam a vida deles, não quero atrapalhar nem a minha ex-mulher, sei que ela merece homem melhor do que eu”, desabafou Felipe, aos prantos.

Caso alguém queira ajudar Felipe, o telefone dele é o 9118-3610.

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