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Capital

Rondon volta a ser julgado, em 3º processo por mutilação de mulheres

Angela Kempfer e Nadyenka Souza | 11/07/2011 16:27
Vítima deixa Fórum depois de audiência. (Foto: João Garrigó)
Vítima deixa Fórum depois de audiência. (Foto: João Garrigó)

Oito testemunhas foram ouvidas hoje em Campo Grande em processo contra o médico cassado Alberto Rondon, que em 1998 foi denunciado por ex-pacientes mutiladas durante cirurgias plásticas. O juiz ouviu 6 testemunhas de acusação e duas de defesa.

O promotor Eduardo José Rizkallah explicou que também foram enviadas cartas precatórias para 3 testemunhas de defesa, que não vivem em Campo Grande, e para o interrogatório de Alberto Rondon em Bonito, onde cumpre prisão domiciliar.

Duas das seis testemunhas de acusação não passaram pelo IML na época das denúncias, há 13 anos, mas na audiência de hoje comprovaram as lesões com fotos, o que foi contestado pelo advogado de defesa, Rene Siufi. “As fotos não comprovam nada. Cadê o laudo”.

Já a acusação argumenta que “como as cicatrizes são permanentes, são validas para o processo”, diz o promotor.

O processo em questão é sobre as acusações de lesão corporal e estilionato, porque o ex-médico, além de erros nas cirurgias, teria induzido as pacientes à cirurgia, sem ter especialização na área.

Otilia Gonzaga, de 44 anos, assistente administrativa, fez cirurgia em maio de 98, para tirar excesso na região do abdome depois de gravidez de gêmeos. “E foi muito bem sucedida”, disse em juízo como uma das testemunhas de defesa.

No fim de 98, quando começaram as denúncias, ela diz que ficou “muito assustada”, mas lembra que ao passar pela operação não teve apenas Rondon ao lado. “Tive acompanhamento de outro cirurgião plástico e depois do meu ginecologista.”

Depois dos casos virem à tona, conta que chegou a procurar outros especialistas para saber da real situação, mas que não “houve problemas”, garantiu.

Outra paciente, de 71 anos, que pediu para não ter o nome revelado, fez a cirurgia em 7 de abril de 98. Hoje, em frente ao juíz ela chorou, ao responder se ainda sofria. “Minha vontade é levantar o vestido e mostrar”, respondeu.

Como todas as outras vítimas de Rondon, ela conta que teve o corpo mutilado, perdeu os seios e ainda hoje sente dores. “Eu durmo com as mãos sobre os seios, ele tirou totalmente. Fiquei com um pouquinho depois que fiz a correção”, lembrou da operação feita após o escândalo. “Ficou certinho, porque os outros médicos sabiam fazer”.

Há uma semana ela recebeu comunicado sobre a audiência, algo simples, mas que a levou ao pânico. “Passei mal”.

A maioria das vítimas não conversou com a imprensa, alegando se sentir constrangida até hoje ao falar sobre o caso.

Depois da audiência, a Justiça vai aguardar a resposta das cartas precatórias, é será aberto prazo para alegações finais e depois para o juiz proferir a sentença.

Até agora, a única condenação com decisão final de Rondon é de 6 anos, que ele cumpre em prisão domiciliar, por mutilar 7 mulheres. O regime de prisão é diferenciado porque em Bonito não há semi-aberto.

Em 10 de maio deste ano,a Justiça de Mato Grosso do Sul condenou este ano a mais 42 anos de prisão, pelos crimes de lesão corporal dolosa qualificada e lesão corporal simples contra 11 ex-pacientes, mas recorreu.

Nesse caso, para cada vítima, a pena média estipulada foi de 4 anos de reclusão. Em três casos, esse tempo foi aumentado em 6 meses em razão de as vítimas serem menores de idade. Uma delas tinha 14 anos quando foi feita a cirurgia plástica que deixou cicatrizes profundas.

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