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Interior

Celulares apreendidos revelam esquema milionário do PCC na fronteira do Paraguai

Anderson e outros quatro integrantes da facção foram presos no domingo e ocupavam cargos de destaque

Geisy Garnes | 05/10/2021 12:39
Casa usada como ponto de encontro pelos criminosos no Paraguai. (Foto: Divulgação)
Casa usada como ponto de encontro pelos criminosos no Paraguai. (Foto: Divulgação)

As investigações que levaram à prisão de Anderson Menezes de Paula, o “Tuca”, no último domingo (3), revelaram um esquema milionário coordenado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Fotos e movimentações bancárias encontradas nos celulares dos suspeitos mostraram que o grupo criminoso mantinha o domínio do tráfico de drogas e armas, além de usar frequentemente “laranjas” para diluir o dinheiro do crime.

Anderson e outros quatro integrantes da facção – Alice Lorena Rodriguez Ortiz, Elvis Henrique Gimenez Riquelme, Francisco Alfonso e José Luiz Martins Júnior – foram presos na Operação Escritório do Crime, realizada pela Polícia Federal e pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas).

Cada um dos envolvidos, aponta a polícia, tinha cargo de destaque no esquema de tráfico. No centro do grupo, estava o casal paraguaio José Luiz Martins Júnior e Alice Lorena Rodriguez Ortiz, donos da casa de alto padrão apontada como “ponto de encontro” dos membros da facção no lado brasileiro da fronteira.

Ao longo de dias de monitoramento, os policiais identificaram ativa movimentação de suspeitos, incluindo visitas frequentes de Anderson à residência. Para a polícia, o casal era responsável pela recepção dos integrantes do grupo na fronteira. A prisão de Alice e José também revelou intenso esquema de lavagem de dinheiro do crime.

No celular da mulher, foram encontradas diversas mensagens com troca de contas bancárias em nome de outras pessoas e ordem de depósitos de valores consideráveis, sempre indicando que as transferências eram feitas a pedido do marido. Para a polícia, as conversas comprovam que Alice agia na gestão financeira da facção ou ao menos como “laranja consciente” de José.

As mensagens, conforme a apuração policial, eram feitas todas pelo aplicativo “Signal”, comumente usado por integrantes de organizações criminosas devido “à sua alta proteção de dados”. Essa posição dentro da facção, fez o casal ter a prisão preventiva decretada em audiência de custódia na Vara Federal de Ponta Porã, nesta segunda-feira (4).

O terceiro preso, Francisco Alfonso, é irmão de José Luiz. Perícia realizada pela Polícia Federal no celular do suspeito encontrou diversas fotos, além de anotações em cadernos, que o apontam como responsável pelo tráfico de drogas na região.

Em uma das “listas” feitas por Francisco, os policiais encontraram o controle de venda e compra de insumos para o tratamento de cocaína. “40 kilos de tetracaína, 100 litros de aceteona, 10 kilo tetra, 15 acetona litro”. Já as fotos mostravam lucros milionários. Imagens de grande quantidade de dinheiro vivo, incluindo dólares e também de armas foram encontradas na galeria do celular.

Francisco foi preso na casa da Rua Natalício Talavera, em Pedro Juan Caballero, local em que dias antes da operação, os integrantes da facção promoveram uma festa. Na data, a residência já era monitorada pela polícia, que flagrou vários convidados fortemente armados com fuzis e pistolas, durante o churrasco.

Os irmãos recebiam frequentemente Anderson, que também estava entre os convidados da festa em Pedro Juan Caballero.

Novo líder – Apontado como o próximo líder da facção paulista em Pedro Juan Caballero e Ponta Porã, “Tuca” era procurado pela polícia paulista por envolvimento em pelo menos dois assaltos a caixas eletrônicos em São Paulo. O primeiro em maio, no município de Grajaú e o segundo em Araçatuba, no dia 30 de agosto.

No dia 20 de maio, oito integrantes da organização cercaram um supermercado, fortemente armados, incendiaram ônibus e um Fiat Palio e com explosivos, abriram um terminal bancário. Eles fugiram com R$ 167.680,00 e efetuaram vários disparos na rua para afastar a polícia durante o crime. Conforme apurado pela reportagem, desde então, Anderson é investigado como um dos envolvidos no crime.

Em agosto, “Tuca” participou do ataque às três agências bancarias de Araçatuba. Na data, os bandidos promoveram uma noite de horror, fizeram moradores de escudo vivo, espalharam explosivos pela cidade e atiraram contra a polícia. Três pessoas morreram, entre elas, um dos criminosos e outras cinco ficaram feridas.

Seria por esse último crime que Anderson estava com prisão temporária decretada. Além do flagrante de tráfico internacional de drogas, “Tuca” e a esposa Francisca Kely Lima da Silva, de 27 anos, tinham mandados de prisão decretados.

Segundo o serviço de inteligência da Senad, Anderson de Paula estava na fronteira para assumir o comando do PCC em Pedro Juan Caballero e Ponta Porã, para substituir o também paulista Weslley Neres dos Santos, 35, o “Bebezão”.

Fontes da polícia paraguaia afirmam que Anderson de Paula vinha operando na linha entre as duas cidades-gêmeas como “cabeça” do novo grupo “Justiceiros da Fronteira”, mas ainda sem o rótulo de líder do PCC. No fim semana em que foi preso, ele estaria se preparando para assumir o posto de forma oficial.

Conforme policiais paraguaios, Anderson de Paula, o “Tuca”, assumiria o posto com a missão de reativar as rotas de tráfico, principalmente, de cocaína trazida da Bolívia e do Peru para o Paraguai e depois enviada para o Brasil e Europa.

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