Lições para conviver com a onça-pintada aproximam estudantes da realidade local
Iniciativa reúne escolas, comunidade e instituições para reforçar a convivência segura com a fauna pantaneira
Situada numa elevação rochoso da Pantanal, onde o Rio Paraguai faz a curva em direção ao Atlântico, Corumbá, a 420 quilômetros de Campo Grande, é considerada a cidade com maior presença urbana da onça-pintada. Neste ano, com maior ocorrência entre os meses de março e junho, felinos atravessaram o rio e levaram pânico às comunidades que vivem nos arredores das encostas, predando animais domésticos e se aproximando das residências.
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Em Corumbá, cidade com maior presença urbana de onças-pintadas no Brasil, um programa de educação ambiental busca promover a coexistência entre moradores e felinos. A iniciativa, chamada "Entre Pegadas", foi desenvolvida após diversos avistamentos dos animais entre março e junho deste ano. A Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, em parceria com escolas municipais e outras instituições, implementou medidas preventivas como instalação de luminosos, recolhimento de animais domésticos e coleta regular de lixo. O projeto também inclui atividades educativas nas escolas, sensibilizando estudantes sobre a importância da preservação da fauna pantaneira.
O conflito entre um animal que tem o Pantanal como habitat e os seres humanos exigiu uma força-tarefa e ações emergenciais para evitar o confronto e acidentes graves. Esse trabalho preventivo, que resultou também em melhorias estruturais e serviços públicos aos moradores, tornou-se permanente. As mudanças climáticas e a ação humana vão continuar deslocando os animais em busca de alimentos.
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Uma ação realizada na manhã desta sexta-feira na região de maior frequência da pintada – a Cacimba da Saúde, um canal natural de água canalizado ao lado do paredão rochoso, cercado de pequenas moradias e distante 300m do rio -, reforçou a necessidade de uma vigilância constante dos órgãos ambientais e de segurança e o envolvimento das comunidades dos bairros Cervejaria, Arthur Marinho, Generoso e Dom Bosco.
Estratégias - Às vésperas do Dia da Onça-Pintada, comemorado neste sábado, 29, a Fundação de Meio Ambiente do Pantanal reuniu estudantes de duas escolas municipais, moradores da área do conflito e instituições como o Ibama, PMA (Polícia Militar Ambiental), Instituto Homem Pantaneiro e a Marinha. O “Entre Pegadas” foi uma iniciativa para promover a sensibilização ambiental e a coexistência entre humanos e grandes felinos na área urbana.
“Criamos um programa de educação ambiental específico e com foco na prevenção de conflitos e desenvolvimento de práticas seguras diante da presença dos felinos, além de fortalecer o conhecimento da população envolvida sobre a fauna pantaneira”, explica a diretora-presidente da fundação, Cristina de Arruda Ferreira Fleming.
Durante o período de maior incidência da presença de onças circulando pela região, num raio de dois quilômetros (foram avistadas também próximas à fronteira com a Bolívia), a tática para afugentá-las deu certo, com a colocação de luminosos, recolhimento de animais domésticos, coleta regular do lixo (jogado nos terrenos) e instalação de iluminação pública. Os moradores ganharam buzinas, apitos e orientação para não circularem a noite.
Nas escolas - O evento realizado nesta sexta-feira, no pátio do Ecoparque Cacimba da Saúde, demonstrou a participação ativa da comunidade no enfrentamento de uma situação atípica, porém com tendência de ser frequente. O tema – onça-pintada – é assunto diário nas salas de aula das escolas Tilma Fernandes (situada próxima à Cacimba) e Caic (onde o felino foi visto circulando pelos corredores externos).
“Criamos um projeto com trabalhos didáticos, música e contação de histórias, envolvendo as crianças da creche ao 5º ano, sobre as questões ambientais e a onça. Assim, os alunos estão aprendendo a respeitar os animais e ter uma maior percepção sobre os felinos e sua importância para a natureza e o Pantanal”, relata a professora Cláudia Couto Barros, da Tilma Fernandes.
Durante a programação no Ecoparque, estudantes e moradores participaram de uma feira educativa, com atividades interativas e orientações técnicas. Ocorreu também uma intervenção artística, com a pintura de animais da fauna pantaneira em parede, e uma temática teatral com abordagem lúdica, na figura de um nativo dessas águas, reforçando a mensagem da proteção e respeito aos animais silvestres.


