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Comportamento

No auge dos 100 anos, Arany carrega a longevidade de quem foi piloto até os 78

Hoje o aposentado lembra com orgulho de sua trajetória e diz ainda se sentir com 90 anos

Thaís Pimenta | 29/01/2018 08:49
Arany, sua filha Marilene e Marisa relembrando os causos de seus mais de 100 anos de vida. (Foto: Paulo Francis)
Arany, sua filha Marilene e Marisa relembrando os causos de seus mais de 100 anos de vida. (Foto: Paulo Francis)

Quem vê Arany da Conceição Moraes todo sorridente mal imagina que ele chegou aos 100 anos de idade. Na verdade, ele caminha para os 101. No centenário, comemorado em dezembro passado, teve festão, missa e tudo que merece o piloto aposentado que trabalhou até os 78 anos.

Arany é uma exceção a regra. Diferente da maioria dos homens, cuidou de saúde, muito por conta de sua profissão na Força Aérea e, mesmo com tantos anos, só apresenta uma leve dificuldade de ouvir. "Eu tinha que fazer exames de seis em seis meses. A profissão de piloto é diferente das outras, depende só da nossa condição física e emocional", explica.

Ele diz que o segredo de tantos anos bem vividos se deve a boa alimentação, exercícios físicos regulares, beber só socialmente e não ter sido fumante. "Pra mim deu certo", conta. Hoje o centenário homem diz que se sente com 90 anos. "Fui pro hospital pela primeira vez na vida aos 78 anos", comenta ele, orgulhoso.

Convite de aniversário para a festa e a missa que aconteceram no dia 30 e 31 de dezembro em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)
Convite de aniversário para a festa e a missa que aconteceram no dia 30 e 31 de dezembro em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

Mas claro que essa glória se deve também a companhia de sua mulher, Marina, com quem está casado há 70 anos. "Devo muito a ela. Minha família, minha saúde, até hoje sou dependente dela", brinca ele, que se assume apaixonado pela mulher.

Filho único, teve a oportunidade de junto a Marisa dar a vida a teve três filhos: Marilene Coimbra, Marco Antônio de Moraes e Marize Lechuga de Moraes Boranga. A família continuou a aumentou e Arany viu nascer e crescer seus oito netos, Carlos Alberto, Andrea, Albino Neto, Marco Antônio, Márcio, Marcelo, Lucas e Ynara. Isso tudo sem contar com seus quatro bisnetos.

Por ele, essa família seria ainda maior, com mais filhos, mas Marisa diz que nunca quis muito mais do três. "Ele passava muito tempo fora de casa trabalhando. Eu que tenho oito irmãos sei como é difícil cuidar de tanta gente", diz a mulher.

Arany emocionado ao lembrar de Bernardina, sua mãe. (Foto: Paulo Francis)
Arany emocionado ao lembrar de Bernardina, sua mãe. (Foto: Paulo Francis)

Ele lembra com uma certa nostalgia do dia em que conheceu a esposa em Campo Grande. "Ela era atendente da farmácia Raia no centro. Eu entrei por acaso pra comprar um remédio e a vi. Ela parou tudo que estava fazendo pra me atender", diz. Marisa nega que tenha se encantado por ele a primeira vista, com tom de brincadeira.

Foram seis meses até o relacionamento ser oficializado. "Eu gostei dele porque eu não teria nem sogro nem sogra pra me encher o saco", brinca. 

Lembrar da mãe até hoje causa comoção em Arany. "Ela faleceu muito cedo, eu tinha 16 anos, depois meu pai veio a falecer". Escondendo as lágrimas, ele explica que sua mãe pegou uma pneumonia e "que na época não existia esse remédios pra curar a doença".

Arany, Marize, um retrato com a foto de seus pais, e Marina. (Foto: Paulo Francis)
Arany, Marize, um retrato com a foto de seus pais, e Marina. (Foto: Paulo Francis)

Arany lembra quando viu um avião pela primeira vez. "Eu falei pro meu pai que queria ser piloto na mesma hora", conta. A mãe não aprovava a escolha mas, antes de partir, deu o aval necessário para o filho ir atrás de seu sonho.

Se formou na Academia para Pilotos e logo começou a repassar seus conhecimentos, Passou cinco anos dando instrução no municipio de Aquidauana. "Ainda tenho contato com muitos alunos daquela época".

Foi o piloto quem trouxe diversas aeronaves do exterior para o Brasil. "Fui para os Estados Unidos e voltava pilotando os aviões", conta. 

Arany também sobrevoou por muitos anos o Mato Grosso do Sul. Ele transportava desde cargas até passageiros e só se aposentou porque quis. "Eu tinha saúde pra continuar por mais anos, mas comecei a ouvir uns comentários sobre minha idade e achei uma boa ideia descansar, não me arrependo", explica.

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