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Capital

Para filho, assassinato da mãe é "aviso" sobre violência banalizada em bairro

Luana Azevedo morreu após ser atingida por um tiro na porta de casa na noite deste domingo

Por Antonio Bispo e Geniffer Valeriano | 04/03/2024 18:01
Filho abraçado com amigos no velório da mãe. (Foto: Alex Machado)
Filho abraçado com amigos no velório da mãe. (Foto: Alex Machado)

O velório da manicure Luana Azevedo da Silva, de 39 anos, assassinada na noite deste domingo (3), mostrou a perplexidade diante da violência. Ela morreu na porta de casa, baleada na cabeça, depois de presenciar um crime no bairro Estrela do Sul.

Ao Campo Grande News, o filho da vítima, de 17 anos, contou bastante emocionado que a mãe era sua “melhor amiga”. Por isso, diz que vai precisar de muita força para superar o ocorrido. Foi preocupada com ele que Luana saiu correndo ontem, ao ouvir tiros na praça que fica em frente, pensando que o adolescente havia sido baleado.

"É uma falta muito grande na minha vida, porque eu nem sou maior de idade ainda, já perdi a minha mãe e tenho que ser muito forte pra isso. E isso é um aviso de como que está lá, todo dia é uma morte", reclama sobre a insegurança no Estrela do Sul.

Segundo ele, a população já banalizou o que acontece no bairro, "Droga lá [na praça] é normal. Se alguém apanha é normal, tem amigos meus que estão lá na rua e apanharam sem motivo", desabafou.

Quanto ao crime, o adolescente relatou que estava na praça quando os tiros começaram e que não escutou em nenhum momento a mãe chamando por ele. “A gente correu para o GCM (Guarda Civil Metropolitano) e não tinha ninguém, não tinha ninguém a disposição, e até então eu achava que a minha mãe estava bem”.

Amigos foram se despedir da manicure no Cemitério Jardim das Palmeiras)
Amigos foram se despedir da manicure no Cemitério Jardim das Palmeiras)

Porém, ao se aproximar do portão, o menino percebeu que a mãe estava caída na varanda, com bastante sangue em volta e desacordada. “Eu gritei: 'gente minha mãe', 'é a minha mãe! Alguém me ajuda' e ninguém fez nada, as únicas pessoas que me ajudaram na hora foi a minha família", contou.

O garoto disse, também, que Luana não conseguiu nem abrir o portão, que caiu com as chaves da casa na mão e que foi preciso arrombar o local para que a mulher pudesse ser socorrida.

Bastante emocionado, o estudante destaca a importância da mãe na sua vida e não sabe como será daqui para frente. “Minha mãe foi uma mulher incrível que desde pequeno ela deu a vida por mim. Era só eu e ela dentro de casa durante todo esse tempo, e a gente ficava horas conversando. Eu via que não era só um relacionamento de mãe e filho, era um relacionamento de amigos”, finalizou a conversa muito emocionado.

Outra pessoa que conversou com a reportagem foi o cunhado da vítima, de 49 anos, que preferiu não se identificar. Ele contou que estava em casa quando ficou sabendo do que havia ocorrido com Luana e correu para a residência onde ela morava com o filho.

“Ela foi vítima de um negócio que nem era pra ela. Ela era uma mulher trabalhadora, trabalhava com manicure e era muito caprichosa no serviço, não tinha costume de sair de casa e nunca se envolveu com coisa errada. Então não tinha motivo nenhum pra isso ter acontecido. Ela era fantástica, farrista, excepcional e super mãe”, detalhou.

O familiar relatou, ainda, que apesar da praça onde tudo aconteceu possuir uma base da GCM (Guarda Civil Metropolitano), a presença dos agentes não inibe o comércio de drogas no local e os furtos na região.

“A porta é voltada pra rua. Acho que deveria ser voltada pra praça para que os guardas pudessem cuidar melhor do local”.

Despedida - O velório da manicure teve início às 15h30 na capela do cemitério Jardim das Palmeiras, localizado na Avenida Tamandaré, com a presença de dezenas de pessoas, entre elas, muitos adolescentes amigos do filho da vítima, que prestaram apoio ao jovem que chegou ao local acompanhado do pai e de um violão. Para o familiar, essa foi a forma que o menino encontrou para “lidar com o luto”.

Amigos e familiares de Luana durante o velório no cemitério Jardim das Palmeiras (Foto: Alex Machado)
Amigos e familiares de Luana durante o velório no cemitério Jardim das Palmeiras (Foto: Alex Machado)

O caso - A polícia trabalha com a hipótese de que Luana Azevedo da Silva, de 39 anos, viu os assassinos e por isso, também foi executada.

Após analisar a posição do corpo, foi possível constatar que o tiro que matou a mulher foi proposital. Luana e Wanderson Mateus Vieira de Araújo, de 20 anos, foram mortos na noite deste domingo (3), ao lado da praça do Bairro Estrela do Sul, em Campo Grande.

Inicialmente, a polícia acreditava que apenas Wanderson seria o real alvo dos atiradores. Ele foi abordado por dois homens em duas motocicletas de cor preta, quando estava em um ponto de ônibus na Rua Madame Buterfly. Houve discussão e a vítima tentou correr, mas foi atingida pelos tiros e caiu em uma área de gramado.

Testemunhas contaram que Luana ouviu os disparos e saiu desesperada, pensando que a vítima poderia ser o filho. Ela mora na frente da praça onde o rapaz foi morto. A posição dos dois corpos e o local onde os estojos da bala foram encontrados, segundo a polícia, indicam que os atiradores miraram em direção a Luana. Agora, a polícia investiga se as execuções têm ligação e a motivação para o crime.

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