Morre mãe de cacique executado por pistoleiros em 2011
Josefa Vilhalva morreu sem conseguir se despedir de Nísio Gomes, que teve o corpo levado após ataque
Aos 84 anos a anciã Nhandecy Josefa Vilhalva, morreu, ainda esperando para poder enterrar o filho Nísio Gomes, executado a tiros em 2011 no território Tekoha Guayviry, em Amambaí, cidade a 351 quilômetros de Campo Grande.
Desde o ataque em novembro de 2011, Josefa lutava por justiça e para conseguir se despedir do filho, já que o corpo do líder indígena nunca foi entregue à sua família, que inclusive viu Nísio ser executado por pistoleiros. Ao menos 40 homens estariam envolvidos no ataque.
Nísio foi atingido por tiros de calibre 12, na cabeça, peito, braço e pernas e teve o corpo levado pelos pistoleiros. O caso ganhou dimensão nacional e até hoje o povo Guarani Kaiowá pedem por Justiça.
Em 2016, parlamentares europeus estiveram com Josefa e segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a anciã chegou a dizer que estava muito cansada e velha, mas não queria partir sem o corpo do filho.
“Eu estou aqui, estou velha, muito cansada, meu tempo sobre esta terra está acabando, eu preciso morrer, mas eu não quero morrer sem receber o retorno dos ossos de meu filho. Eu não sei onde ele estão. Eu vou esperar todos os dias, pedindo para a morte não me levar porque eu quero enterrá-lo nesta terra que ele amava, quero dar este enterro digno a meu filho. É a única coisa que eu quero, depois posso morrer”.
No entanto, no último domingo, Josefa partiu sem conseguir receber os ossos do filho e dar a ele a despedida que tanto queria.
(Com informações do Conselho Indigenista Missionário)