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Em Pauta

Um monstro que não dá para governar, diz José Serra sobre a Petrobrás

Mário Sérgio Lorenzetto | 28/02/2015 07:03
Um monstro que não dá para governar, diz José Serra sobre a Petrobrás

José Serra diz que Petrobras não deve trabalhar com adubos e gás

"A Petrobras hoje produz adubo, energia elétrica, tem cabimento? Gás. Acho que a Petrobras deveria ser dividida em empresas autônomas, uma holding. E aí, cada caso, ou você vende, ou você abre o capital. O Banco do Brasil fez com alguma coisa na área de seguro. Deu certo. Eu não teria nenhum problema de desfazer, ou conceder, ou associar a Petrobras em áreas diversas, que ela não tem que estar. A meu ver, não tem que produzir fio têxtil [fábrica em Pernambuco], não tem que fazer adubo necessariamente [fábrica de fertilizantes em Três Lagoas - MS], não tem que fazer isso, fazer aquilo. Tem que ficar concentrada. Você sabe que a Petrobras tem 300 mil funcionários terceirizados? Isso é "imanejável". Você criou um monstro, que não dá para governar. Tem que ser enxugada para sobreviver." Esta é uma parte da entrevista do Senador José Serra ao UOL.

Como esta coluna afirmou há meses atrás, existem forças econômicas poderosas, nacionais e internacionais, estudando a aquisição da Petrobras. Um primeiro estudo de seu preço já foi realizado por um conhecido banco. O valor da Petrobras há dois ou três meses seria de R$ 88 bilhões.
Também existem políticos, de mais de um estado, inconformados com a construção da fábrica de fertilizantes da Petrobras no Mato Grosso do Sul. Outros entes federativos lutaram até os últimos instantes para levar a construção dessa fábrica para seus territórios. Foi uma luta dura que nos sagramos vencedores, lutando contra governos muito mais ricos e poderosos. Os estudos da Petrobras demonstravam que a melhor localização dessa fábrica seria em Três Lagoas. Também é importante saber que a construção dessa fábrica de fertilizantes era um projeto antigo da maior empresa brasileira. Só saiu do papel pelo esforço dos governantes estaduais. Quanto à venda da área do gás que o Senador José Serra aventa, este é um assunto que o estado de São Paulo nunca aceitou. A disputa do ICMS do gás vem sendo travada há mais de uma década com São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Vender a área do gás da Petrobras a empresas privadas seria uma ótima oportunidade para esses estados se apropriarem da totalidade do imposto.

Também é importante perceber que as dívidas milionárias das empresas contratadas pela Petrobras para a construção da fábrica em Três Lagoas muito dificilmente serão saldadas. Há uma clara e inequívoca tendência dessas dívidas serem levadas à justiça. Unam os esforços de todos ou aguardem a transformação da fábrica de fertilizantes em mais um elefante branco, bem como a perda do ICMS do gás.

Um monstro que não dá para governar, diz José Serra sobre a Petrobrás
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A fábrica de fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas será desacelerada?

Os estudos na maior empresa brasileira mostram que os investimentos em exploração de petróleo provavelmente serão reduzidos ao mínimo necessário e que os investimentos como um todo serão cortados em 30%. Estão detalhando o plano. Para o Plano de Negócios 2015-2019, a empresa terá de mudar radicalmente, para pior, as projeções que adotou no plano anterior. Qual o futuro da fábrica de Três Lagoas? Quanto tempo levará para o seu término? Entrará no plano do fazer o "mínimo necessário" ou no corte de 30%?

Um monstro que não dá para governar, diz José Serra sobre a Petrobrás
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Paulo Francis e a Petrobras

Há 18 anos falecia Paulo Francis. Um dos maiores ícones da imprensa brasileira. A esquerda que se sentia traída por ele, na juventude militou nos grupos trotskistas, o acusava de picaretagem, de fornecer informações imprecisas...mas era um mito. Era agressivo, tinha uma voz pastosa. Preconceituoso, contra tudo aquilo que não suportava. Tinha inúmeros desafetos entre artistas e políticos. Seus maiores ataques eram dirigidos a Lula, ao PT e à Petrobras. Isso há 18 anos.

Os políticos e intelectuais petistas foram execrados por um Francis que tinha saído dos jornais para a televisão. Seus ataques furibundos estavam concentrados preferencialmente na Petrobras que ele chamava de Petrossauro. Para Francis, a Petrobras era o símbolo da incompetência estatal brasileira. Paulo Francis acusou a diretoria da Petrobras de uma roubalheira gigantesca. Por várias vezes escreveu e acusou na televisão os diretores dessa empresa de ter milhões de dólares escondidos na Suíça. Foi ameaçado de processo. Uma parte da imprensa, dos políticos, dos empresários o tratava como o "traidor da pátria".

Foi fulminado por um ataque cardíaco. Seus parentes e amigos disseram que o ataque foi decorrente do pavor que estava sentido. Devido ao cerco que lhe fizeram, motivados por seus ataques contundentes à Petrobras. Se passaram 18 anos sem Paulo Francis. Por mais arrogante, chato e agressivo que tenha sido - como fez falta. Só ele, exclusivamente ele e ninguém mais, falou a verdade sobre a maior empresa brasileira.

Um monstro que não dá para governar, diz José Serra sobre a Petrobrás
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A Câmara Federal votará a terceirização em abril

Pressionada pela possibilidade do Supremo tribunal Federal (STF) julgar, a Câmara Federal fechou acordo com os líderes partidários e centrais sindicais para votar o projeto de lei que regulamenta a terceirização. Acertaram que o mês de março será destinado às negociações tentando fechar um acordo.

As centrais sindicais e o PT trabalham há anos contra o projeto de lei por entenderem que retira benefícios dos trabalhadores. Todavia, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski afirmou que se a Câmara não votar colocará em julgamento uma Adin - Ação Direta de Inconstitucionalidade - que dirimirá as dúvidas sobre a terceirização. Especula-se que o governo federal desistiu de pressionar a Câmara Federal e passou a exercer pressão sobre o STF porque a Petrobras está sendo cobrada a pagar os trabalhadores das fornecedoras que estão quebrando. Inclusive no Mato Grosso do Sul. É óbvio que a Petrobras envidará todos os esforços para não pagar mais essa fatura.

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Delcídio do Amaral e Gleise Hoffmann disputam a Comissão de Assuntos Econômicos

Os líderes do Senado chegaram a um acordo na distribuição do comando das 12 comissões permanentes do Senado. O critério de proporcionalidade das bancadas de cada partido será usado na divisão dos espaços. Permanece o impasse em relação à presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) que será destinada ao PT. Delcídio e Gleise não abrem mão da vaga. É provável que a definição se dê apenas com o voto. A CAE é a segunda mais importante comissão permanente do Senado, ficando atrás apenas da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Todavia, em um ano onde a economia tende a dominar todos os anseios e preocupações da população, essa ordem de importância tende a ser subvertida. A CAE, provavelmente, será a mais importante comissão do Senado em 2015. A ela compete, dentre outras atividades, opinar sobre o aspecto econômico e financeiro de qualquer matéria que tramite na Casa, discutir problemas econômicos do país, a política de crédito, câmbio, comércio interestadual e o sistema bancário.

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