De Corumbá a Campo Grande, vídeo-arte resgata memórias da ferrovia
Obra audiovisual transforma trilhos abandonados em poesia viva

Tem trilho que leva corpo, tem rio que carrega lembrança. “Olha! Lá vem o trem chegando” não é só o nome do vídeo-arte que será lançado nesta quinta-feira, 17 de julho. É também um aviso de que há histórias que continuam passando, mesmo quando os trens já não circulam.
Gravado entre Corumbá e Campo Grande, o trabalho mistura performance, dança, música e memória para revisitar a antiga malha ferroviária do Mato Grosso do Sul. Com oito minutos de duração, o vídeo será exibido presencialmente no Pizza Pub (Rua 14 de Julho, 2553), às 20h, com entrada gratuita, e também no canal da artista Pâmella Rani no YouTube (@pamellarani).
É dela a poesia que guia a obra, escrita durante um passeio de barco pelo Rio Paraguai e que agora encontra corpo, imagem e som em uma viagem sensorial. “O poema fala de travessias, deslocamentos, dos corpos que cruzam fronteiras em busca de algo melhor. É sobre memória, mas também sobre o movimento do tempo e do afeto”, resume a autora, que também é antropóloga e pesquisadora das fronteiras entre Brasil e Paraguai.
Quem assina a trilha sonora, a edição e as ilustrações é o artista plástico e músico Julián Vargas. Ele e Pâmella cruzaram cidades e trilhos desativados para dar forma à obra. A composição sonora traz percussões orgânicas, canto de pássaros, ruídos de água e o som metálico do trem, numa linha melódica que acompanha, como um trilho imaginário, a fluidez do rio e dos corpos em movimento.
Visualmente, o projeto conversa com o expressionismo animado de William Kentridge e a performance visceral de Joan Jonas. Na tela, a paisagem não é cenário: é personagem que molda o ritmo e os gestos da dança. “Foi nas antigas estações que o vídeo ganhou corpo”, diz Julián.
Mais do que um produto artístico, o trabalho carrega também um compromisso com a acessibilidade e a difusão do conhecimento. A obra será disponibilizada com tradução em Libras, audiodescrição e legendas, podendo ser utilizada por escolas, universidades e coletivos artísticos como material de estudo ou ponto de partida para debates sobre arte, memória e território.
Realizado com apoio da Lei Paulo Gustavo, o projeto é uma afirmação da força poética e experimental da produção sul-mato-grossense. “É um respiro num tempo apressado. Uma pausa para lembrar que as linhas que nos formam não estão apenas nas avenidas: estão nas histórias que atravessam nossos corpos”, diz Pâmella.
O lançamento é dia 17 de julho (quinta-feira), 20h, no Pizza Pub – Rua 14 de Julho, 2553. A entrada gratuita.

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