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Nem toda tontura é labirintite e sintoma pode esconder algo sério

Sua tontura virou rotina por aí? Nem sempre é labirintite e a melhor receita é investigar com especialista

Por Thailla Torres | 30/06/2025 07:28
Nem toda tontura é labirintite e sintoma pode esconder algo sério
Murilo é médico Otorrino Otoneurologista fascinado pelo labirinto. (Foto: @photovski)

No dia a dia, parece quase um costume: sentiu a cabeça girar, ficou com a sensação de andar em barquinho, pronto, é “labirintite”. Mas e se te contarem que, na maioria das vezes, o diagnóstico popular está completamente errado? O otorrinolaringologista Dr. Murilo Yamada (CRM MS 7291 | RQE 8247), subespecialista em otoneurologia, a área que cuida dos distúrbios do equilíbrio, alerta: normalizar a tontura não só atrasa o tratamento como pode mascarar doenças graves. “O normal é não ter nada. Se há tontura, algo está errado”, resume.

A confusão do termo que virou muleta

“Labirintite verdadeira é uma inflamação do labirinto, órgão dentro do ouvido que regula nosso equilíbrio e audição, mas é rara e geralmente causada por infecções. Só que qualquer tontura, por aqui, acaba chamada de labirintite”, explica Murilo. O resultado? Diagnósticos errados, tratamentos ineficazes e muita gente se acostumando com o incômodo.

O que é essa “tontura” afinal?

O médico detalha que tontura não é uma coisa só, e que a forma como você descreve o que sente pode ajudar (e muito) o especialista a chegar à causa real. “Podemos dividi-la em quatro grandes tipos: vertigem (sensação de que tudo gira, típica de problemas no labirinto), desequilíbrio (sensação de cair, ligada a causas neurológicas ou articulares), tonturas inespecíficas (sensação de cabeça oca ou flutuação, mais ligadas a ansiedade ou metabolismo) e pré-síncope (quase desmaio, associado a problemas cardíacos ou pressão baixa)”, diz.

E aqui vai o pulo do gato: a precisão do relato faz diferença. “Tontura é sintoma subjetivo. Quanto mais detalhes, mais chances de um diagnóstico correto”, reforça.

Quando a tontura pode ser sinal de algo grave?

Segundo Murilo, existem sinais de alerta que não devem ser ignorados: “Tontura súbita e intensa acompanhada de fraqueza, visão dupla, dificuldade para falar, perda de coordenação ou de consciência, dor de cabeça muito forte e diferente do habitual, perda súbita de audição ou visão. Nesses casos, pensar em causas neurológicas como AVC é imprescindível.”

Tontura, zumbido e a armadilha da normalização

“Mesmo quando a causa é do ouvido, banalizar esses sintomas compromete a qualidade de vida: limita atividades, gera ansiedade, depressão e aumenta o risco de quedas, principalmente em idosos”, alerta o otoneurologista. E sobre aquele zumbido que aparece de repente? Ele também não deve ser ignorado. Pode indicar, por exemplo, até um tumor no nervo auditivo.

O que é a otoneurologia e como ela pode ajudar?

É a subespecialidade que une ouvido e sistema nervoso central, analisando como trabalhamos o equilíbrio e o som. “Avalio o paciente clinicamente, especialmente o movimento ocular, que mostra como está o labirinto. Exames específicos complementam o diagnóstico e, a partir disso, o tratamento é individualizado”, explica Murilo.

Existe “labirintite emocional”?

“Não como diagnóstico médico. Mas o sistema vestibular e o emocional têm conexão íntima: ansiedade e estresse podem desencadear ou agravar sintomas vestibulares. A tontura causa ansiedade, que aumenta a tontura. É um ciclo. Por isso, manejar o emocional faz parte do tratamento”, diz.

Quando procurar ajuda?

A recomendação é clara: “Sinais de alerta? Procure urgência imediatamente. Sintomas recorrentes ou crônicos? Busque avaliação com otoneurologista. Não espere passar sozinho. O diagnóstico precoce melhora muito o prognóstico.”

Tratamentos: do estilo de vida aos avanços tecnológicos

“Hoje, tratamos com orientações de hábitos saudáveis, medicações, manobras de reposicionamento para doenças como a dos ‘cristais soltos’, reabilitação vestibular, e até cirurgia em casos mais graves”, explica Murilo. Ele destaca as novidades: exames mais precisos, protocolos de neuroestimulação mais eficazes e maior valorização do trabalho multidisciplinar, que inclui médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e dentistas.

Dá pra curar?

“Sim. Doenças como a VPPB têm cura com manobras. Outras, como doença de Menière ou migrânea vestibular, podem ser controladas com tratamento planejado. ‘Aprender a conviver’ não deve ser opção: em muitos casos, podemos devolver a qualidade de vida do paciente”, garante.

Tontura ou vertigem?

“São diferentes. Vertigem é sensação de rotação (típica dos problemas vestibulares), enquanto tontura é mais vaga: sensação de cabeça leve, flutuação, desequilíbrio. Essa diferenciação é importante para o diagnóstico.”

E a alimentação?

Para quem tem predisposição, certos alimentos podem ser gatilhos: jejum prolongado, cafeína, açúcar, sal, álcool e alimentos industrializados. “Cada pessoa tem sensibilidade diferente. Dieta equilibrada e horários regulares ajudam muito.”

Hormônios também mexem com o labirinto

“TPM, menopausa, gravidez, tudo isso envolve alterações hormonais que podem afetar o labirinto, pois há receptores de estrogênio e progesterona no ouvido interno. Mulheres que percebem tontura associada ao ciclo devem discutir com seus médicos a melhor abordagem”, conclui o especialista.

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