ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
NOVEMBRO, SEXTA  28    CAMPO GRANDE 35º

Política

Campo Grande em crise fiscal acende alerta para pagamento de salários e 13º

99,94% de toda a arrecadação dos últimos 12 meses foi consumida pelas despesas correntes

Por Lucia Morel e Mylena Fraiha | 28/11/2025 15:07
Campo Grande em crise fiscal acende alerta para pagamento de salários e 13º
O presidente da Câmara Municipal, vereador Epaminondas Neto, o Papy (PSDB). (Foto: Mylena Fraiha)

Ao comentar a emergência fiscal da Prefeitura de Campo Grande, o presidente da Câmara Municipal, vereador Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), demonstra preocupação com o pagamento das próximas três folhas salariais — dezembro, 13º e janeiro — e afirma que “agora, neste momento, não há muito espaço de manobra. O orçamento estourou, infelizmente”.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A Prefeitura de Campo Grande enfrenta grave crise fiscal, com 99,94% da arrecadação dos últimos 12 meses consumida por despesas correntes. O presidente da Câmara Municipal, Epaminondas Neto, demonstra preocupação com o pagamento das próximas três folhas salariais: dezembro, 13º e janeiro. Para enfrentar a situação, a prefeitura acionou o Plano de Emergência Financeira, com medidas de contenção que incluem suspensão de contratações e revisão de contratos. Um pacto firmado com o Tesouro Nacional para ajuste das contas só deve apresentar efeitos práticos no próximo ano.

O cenário fiscal, exposto pelo RREO (Relatório Resumido da Execução Orçamentária) do 5º bimestre, publicado ontem no Diário Oficial de Campo Grande, revela que 99,94% de toda a arrecadação dos últimos 12 meses foi consumida pelas despesas correntes, restando praticamente nenhum espaço para movimentações ou investimentos.

A prefeitura arrecadou R$ 6.307.756.963,08 e gastou R$ 6.303.744.755,75. Para Papy, esse quadro pressiona diretamente a capacidade do município de honrar a maratona de pagamentos que começa agora em dezembro.

“Ela precisa urgentemente garantir as três folhas. É muito dinheiro para Campo Grande”, afirma o vereador, citando a prefeita Adriane Lopes (PP). Ele reforça que a situação não surpreende quem vinha acompanhando o comportamento das contas municipais desde o meio do ano.

“Desde a virada do semestre, a arrecadação caiu e as despesas aumentaram, muito em função de acordos salariais antigos que a prefeitura não tinha capacidade financeira de sustentar. Prova disso é que agora tenta repactuar várias frentes.” Para o vereador, a saída passa por reforçar a receita e manter os cortes. “Eu penso que precisamos de uma estratégia de arrecadação. É preciso melhorar os mecanismos de arrecadação e colaborar naquilo que o município tiver de cortes.”

Segundo o presidente da Câmara, o Legislativo está fiscalizando, mas a responsabilidade legal é compartilhada. “A fiscalização fiscal é do Tribunal de Contas. A LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) é federal. Se ela incorrer em crime de responsabilidade fiscal, não é a Câmara que define nada”, afirma.

Ele alerta ainda que o momento exige prudência política. “Estou tentando evitar que isso vire disputa entre base e oposição. Se descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, a consequência pode ser até cassação. Não é assunto para jogar para a plateia.”

Gatilho fiscal – Diante do comprometimento extremo das receitas, a prefeitura já acionou o Plano de Emergência Financeira previsto no Art. 167-A da Constituição, o chamado “gatilho fiscal”. A Capital está em contenção de despesas desde março, e o decreto de corte de gastos foi prorrogado até 31 de dezembro.

As medidas incluem suspensão de novas contratações; proibição de gratificações e diárias; restrição da ampliação de carga horária de professores; revisão de contratos; e redução de água, energia, combustível e impressões, com meta mínima de corte de 25%.

Papy lembra que a prefeita firmou pacto com o Tesouro Nacional para ajustar as contas, mas os efeitos práticos só aparecerão no próximo ano. “Ela já fez um pacto com o governo federal, com o Tesouro Nacional, que estabelece uma série de compromissos. Quando votamos isso no meio do ano, houve demora na homologação e ela acabou tomando algumas medidas paralelamente. Mas os efeitos concretos desse acordo só aparecem no ano que vem”, avalia.

A Capital está em contenção de despesas desde março e, em setembro deste ano, a prefeita prorrogou o decreto de corte de gastos, que segue válido até 31 de dezembro.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.