Jovem, dançarino e alegre, quem é o padre que viralizou de bicicleta?

Todo mundo se encantou com os padres Matheus Rocha e Emmanuel Pavon, do Santuário Diocesano de Nova Andradina, que, na semana passada, resolveram mostrar que padre também tem humor. Eles subiram em uma bike vermelha e usaram um megafone para divulgar a festa da igreja. O vídeo passou de um milhão de visualizações e acumula quase 7 mil comentários. Mas, afinal, quem são os padres que fizeram a galera rir?

Nas redes sociais, Matheus coleciona momentos descontraídos, felizes e com os jovens — faixa etária com a qual ele gosta de estar, mas, como padre, não deixa nenhum fiel de lado. Ele explica que seu jeito de ser, alegre e fora do padrão dos padres convencionais, já rendeu algumas críticas, mas que ignora os comentários negativos.

“Nunca faltei com responsabilidade para com os meus compromissos sacerdotais. Sou descontraído, exerço meu ministério sacerdotal com muita leveza, mas isso não quer dizer que sou irresponsável. Acredito que Deus me deu esse dom de evangelizar de uma maneira mais alegre, mais leve e de um jeito sempre novo.”

Ele explica que, apesar de ser descontraído, também leva a fé a sério. E como. “Isso não quer dizer que devo andar sempre com a cara fechada. Dou risada, gosto de uma boa conversa, de ouvir as pessoas, contar causos, brincar com as crianças, jovens e tudo mais. A vida já tem desafios demais, então, se a gente pode levar a palavra, o amor e a esperança com leveza, melhor ainda. Jesus mesmo sabia celebrar, participar de festas… então, por que não seguir o exemplo?”

O padre não se rotula como conservador, mas também diz não se enquadrar no papel progressista. “Em algumas questões, posso parecer mais conservador, principalmente quando se trata de valores fundamentais da fé que não mudam com o tempo. Em outras, posso parecer mais progressista, especialmente ao defender a dignidade de todas as pessoas, a justiça social e a necessidade de diálogo com o mundo contemporâneo. Meu compromisso é com o amor, a verdade e o serviço, e não com rótulos ideológicos.”

A vocação para o sacerdócio começou ainda na infância, no interior do Paraná, em uma cidade chamada Salto do Itararé. Os pais sempre estiveram presentes na igreja e, segundo Matheus, transmitiram com muito amor e responsabilidade os valores, a fé, e nunca o forçaram a nada.

“Na minha história vocacional não existe nada de extraordinário, uma vez que senti o chamado de Deus no ordinário de minha vida. O tal desejo nasceu no meu coração, pouco a pouco foi crescendo e, então, no ano de 2014, fiz um encontro vocacional com os Missionários Redentoristas e lá discerni o meu chamado para a Vida Religiosa Consagrada.”

Em 2015, Matheus ingressou na formação; em 2019, fez os primeiros votos. Anos depois, em 2022, professou perpetuamente. “Me ordenei diácono e, no dia 3 de setembro de 2022, fui ordenado padre com o seguinte lema: ‘Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir’ (Jr 20,7). Não tenho dúvidas de que, no decorrer de minha vida, o Senhor foi me chamando, atraindo e, aos poucos, me seduzindo. Foram anos de entrega, oração, discernimento e preparação.”

Hoje, o sentimento é de realização e de que o caminho escolhido era, de fato, o certo para ele. “Me sinto muito feliz e realizado com minha vocação. Sou grato a Deus, à minha família, amigos, missionários redentoristas, à Igreja e a todo o povo de Deus pelo apoio e, sobretudo, pelas orações que me sustentam a cada dia.”

Matheus também comenta sobre o novo papa, Robert Francis Prevost, chamado de Leão XIV e escolhido neste mês após a morte de Francisco. Ele encara com bons olhos a nova liderança da Igreja Católica, destacando que o novo pontífice apresenta uma combinação interessante de firmeza na fé, vivência missionária e sensibilidade social.

“Sua trajetória como religioso agostiniano e missionário no Peru mostra um coração próximo das realidades do povo, especialmente dos mais simples. Ao escolher o nome Leão XIV, ele parece sinalizar um desejo de continuar o caminho do diálogo com o mundo moderno, à semelhança de Leão XIII. Vemos que já nos mostrou ser um papa humilde, aberto à escuta e comprometido com a ternura e a justiça. Isso inspira confiança e reforça nossa missão como Igreja.”

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