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Comportamento

Sensei que morreu fez do judô uma ponte para transformar vidas em MS

Alessandro morreu em Campo Grande nesta segunda-feira, aos 52 anos

Por Clayton Neves | 27/05/2025 07:12
Sensei que morreu fez do judô uma ponte para transformar vidas em MS
Sensei Alessandro Souza, o Buiú, tinha 52 anos. (Foto: Arquivo)

Os tatames em Campo Grande ficaram mais silenciosos nesta segunda-feira. Aos 52 anos morreu o sensei Alessandro Souza Nascimento, o Buiú, um dos grandes nomes do judô sul-mato-grossense. Treinador, educador, inspiração. Um homem que fez da arte marcial uma ponte para transformar vidas, principalmente de quem nunca imaginou que teria uma chance.

Formador de atletas, conselheiro, amigo e, para muitos, uma figura paterna. Alessandro era o tipo raro de mestre que ensinava com o olhar firme e o coração atento. Para quem cresceu sob sua orientação, como Kauã Yuji Thomas Yonaha, de 15 anos, a perda ainda é difícil de assimilar.

“O sentimento é de vazio. Um buraco no peito”, diz o jovem judoca, que treinava com Alessandro desde os 4 anos. “Mesmo quando eu era ruim no começo, ele colocava fé em mim. Sempre dizia que eu podia ser campeão de tudo”, conta.

Sensei que morreu fez do judô uma ponte para transformar vidas em MS
Buiú e Kauã, aluno do sensei por 10 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

O começo da relação entre os dois foi por acaso. Alessandro conheceu Kauã na pastelaria da família do jovem. O treinador percebeu que o menino não parava quieto e sugeriu o judô como caminho para desenvolver habilidades.

O que parecia apenas disciplina virou destino. Kauã cresceu nos tatames, venceu campeonatos, e atribui cada passo da jornada ao sensei. “Tudo que conquistei e tudo que ainda vou conquistar é graças a ele”, define.

Para Elias Rodrigues Moreira Neto, de 18 anos, o vínculo também ultrapassou o ensino do esporte. “Ele me abraçou como se eu fosse um filho. Nunca tive uma memória ruim com ele”, relata. Elias conheceu o sensei após a morte do avô, quando buscava um novo lugar para seguir no judô. Encontrou não só uma academia, mas uma nova família.

Sensei que morreu fez do judô uma ponte para transformar vidas em MS
Para Elias, o treinador era como um pai. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nas lembranças, sobram histórias de apoio, conselhos, brincadeiras e broncas. “A última vez que a gente se falou ele já estava debilitado. Brinquei que ele ia acabar lutando na minha categoria. Ele riu e disse que ia me pegar”, recorda Kauã. Foi a última piada, o último encontro.

O sensei Alessandro ficou conhecido nacionalmente por sua dedicação a projetos sociais. Deu aulas em comunidades da periferia, onde via no judô uma oportunidade de mudança para crianças e adolescentes. Foi presidente do Judô Futuro, onde formava campeões no caráter e no pódio.

“Mesmo nas piores situações, ele estava lá, animado, carismático, pensando no melhor. Era uma força, uma pessoa incrível”, diz Kauã.

Sensei que morreu fez do judô uma ponte para transformar vidas em MS
Alessandro e equipe de MS durante campeonato brasileito de judô. (Foto: Arquivo Pessoal)

Já Elias destaca o compromisso coletivo que se firmou com a perda do mestre: “Não vamos deixar o legado morrer. A gente vai seguir como se ele ainda estivesse no comando. Porque ele está, mas agora lá de cima, junto com Deus”, pontua.

Além de treinador respeitado, o sensei era pai de Aléxia Vitória Nascimento, um dos grandes nomes da nova geração do judô brasileiro. Nascida e criada em Campo Grande, ela seguiu os passos do pai e se destacou em competições nacionais e internacionais.

Em 2021, Aléxia integrou a equipe de apoio da delegação brasileira durante a Olimpíada de Tóquio, no Japão. Ela estava na corrida por uma vaga nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, mas uma lesão no joelho a tirou da disputa.

Sensei que morreu fez do judô uma ponte para transformar vidas em MS
Elias sendo acolhido pelo sensei Alessandro. (Foto: Arquivo Pessoal)

Buiú estava internado na Santa Casa desde o dia 25 de abril, em decorrência de complicações de saúde após uma cirurgia e o agravamento de um quadro de pancreatite.

Apesar da despedida, a voz de Alessandro ainda ecoa nos tatames, nas reverências ao final de cada treino e no respeito que plantou e que floresce nos que ficam.

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