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Economia

Armadilha feita com calda de cebolinha ajuda a eliminar caramujos

Renata Volpe Haddad | 25/05/2016 10:21
Caramujos raspam as folhas, caules e brotos, com uma estrutura chamada rádula, podendo, em infestações severas, levar à morte das plantas. (Foto: Oslain Branco/ Embrapa Pantanal)
Caramujos raspam as folhas, caules e brotos, com uma estrutura chamada rádula, podendo, em infestações severas, levar à morte das plantas. (Foto: Oslain Branco/ Embrapa Pantanal)

Uma técnica de armadilha atrativa feita com calda de cebolinha tem ajudado agricultores familiares de Ladário, distante 419 km de Campo Grande, a acabar com caramujos que atacam hortas. 

A armadilha adaptada pela Embrapa Pantanal, tem objetivo de reduzir os custos de produção do aparato e facilitar o manejo pelos produtores.

As armadilhas atrativas tradicionais funcionam assim: durante o entardecer o agricultor estende sacos de pano embebidos em leite ou cerveja junto à cultura infestada. Na manhã seguinte, utilizando uma luva protetora, vai ao local e retira os caramujos que se acumulam sobre esses tecidos.

Já a adaptação sugerida pela Embrapa Pantanal consiste na preparação de uma calda feita com a cebolinha. 
Um dos responsáveis pelo ajuste, o pesquisador Alberto Feiden, conta que o uso de caldas naturais na armadilha é vantajoso porque elas podem ser produzidas pelo próprio agricultor, sem depender de produto externo à propriedade.

O agricultor Ramão da Silva Pires e a esposa Vanderli Apolinário da Silva, fazem a armadilha da seguinte maneira. "Eu batia a cebolinha com água no liquidificador e embebia o pano. Depois, colocava os caramujos que ficavam sobre o pano em uma garrafa de boca larga, joguei sal e enterrei", conta.

Segundo o agricultor, havia muito caramujo na horta. "Eles comiam cebolinha, alface e salsinha. Mas atacavam mais a cebolinha e furavam a folha. Não tinha como vender", alega. O teste da calda à base de cebolinha foi feito durante uma semana, conta o agricultor.

Teste - Para testar a eficiência das caldas na atração dos caramujos, o pesquisador realizou testes durante uma semana. Ele conta que os melhores resultados de controle dos moluscos, de espécie ainda não identificada por ele, foram obtidos com a cerveja, seguida pela calda de cebolinha.

Os tecidos embebidos em cerveja capturaram 508 caramujos, em seguida, aparecem aqueles embebidos no extrato de cebolinha, com 426 indivíduos; os sacos embebidos em água atraíram 393 caramujos e, por fim, aparecem panos molhados com leite cru, com 279. No total, o experimento capturou 1.606 indivíduos.

Diante dos resultados, Feiden recomenda o uso das armadilhas atrativas banhadas em caldas naturais para agricultores em transição agroecológica. "Os resultados dessa adaptação mostram que o sistema foi eficaz", conclui. O uso do leite, embora não tenha apresentado a mesma eficácia, também é uma opção para os agricultores, já que pode ser obtido na propriedade.

O estudo da Embrapa avalia o processo de transição agroecológica, passagem do cultivo convencional ao agroecológico, em um grupo de 15 agricultores. A adaptação do método de controle de caramujos é parte de um conjunto de práticas testadas participativamente pelos agricultores, para construção do conhecimento de forma coletiva.

Estragos - Os pesquisadores Francisco José Zorzenon e Tércio Barbosa de Campos, do Instituto Biológico, haviam descrito em publicação do site Infobibos alguns estragos causados pelos caramujos ou lesmas: "Esses animais raspam com uma estrutura chamada rádula as folhas, caules e brotos novos, podendo, em infestações severas, levar à morte das plantas".

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