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Capital

Apesar de pânico, ataque à corredora no Parque dos Poderes é o único do ano

Delegada responsável por casos de violência sexual acredita em episódio isolado, não em série de crimes

Por Anahi Zurutuza | 26/11/2025 20:18
Apesar de pânico, ataque à corredora no Parque dos Poderes é o único do ano
Momento que homem recebe os primeiros socorros antes de ser preso por tentativa de estupro (Foto: Direto das Ruas)

A notícia de que a corredora foi atacada no Parque dos Poderes e quase foi estuprada repercutiu na velocidade do rastro dos outros praticantes do esporte e chegou a causar pânico, embora o caso seja o único registrado no ano. A delegada Analu Lacerda Ferraz, a adjunta da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e responsável pelas investigações de crimes sexuais há 3 anos, acredita que o ataque não faz parte de uma série de agressões, como chegou a ser relatado em grupos de corredores e atletas amadores no WhatsApp.

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O ataque a uma corredora no Parque dos Poderes, em Campo Grande, é caso isolado em 2023, segundo a delegada Analu Lacerda Ferraz, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. O episódio ocorreu quando Gleindon Barbosa da Silva, 33 anos, tentou arrastar a vítima para uma área de mata, simulando estar armado. A delegada ressalta a importância de denúncias formais para combater crimes desta natureza. Frequentadores do parque pedem reforço na segurança do local, especialmente no período noturno, quando há problemas de iluminação. O suspeito, natural de Goiânia, foi preso após ser contido por agentes patrimoniais.

“Não havia nenhum registro anterior com esse tipo de abordagem. Se houve, as vítimas não procuraram a Deam. Não trabalhamos com uma rotina dessa natureza na região. Os casos que já atendemos envolveram outras circunstâncias, mas não esse tipo de ataque”, reforçou a delegada.

Analu reafirma que “não houve nenhum registro” de casos anteriores com o mesmo padrão (agarrar a vítima e tentar arrastá-la para dentro da mata) neste ano dentro do parque. “Eu trabalho com crimes sexuais há três anos. Se algo assim tivesse sido registrado, teríamos identificado. Até o momento, não existe”, afirmou.

Segundo a adjunta da Deam, a resposta rápida da polícia e da própria comunidade em episódios como o desta quarta-feira (26) é fundamental para evitar que agressores voltem a agir. “Temos conseguido impedir que essas pessoas reiterem os crimes justamente porque agimos rápido. Mas isso só acontece quando o caso chega até nós”.

Por isso, alerta a delegada, é importante que as vítimas, mesmo que considerem situações vividas menos graves, procurem a delegacia. Os boletins de ocorrência e depoimentos das mulheres são as principais ferramentas para que a polícia consiga identificar padrões, reforçar policiamento e impedir a reincidência.

A subnotificação inibe que a segurança pública aja. Se não há notificação, não há motivo para reforçar o policiamento, por exemplo”, explica Analu Ferraz.

Muitas mulheres deixam de procurar a delegacia por vergonha, medo ou receio de reviver o trauma, o que acaba dificultando investigações e ações preventivas. A Deam, porém, possui atendimento especializado e setor psicossocial para acolher vítimas e auxiliá-las na descrição dos fatos. “A mulher é a nossa principal fonte de provas. Quando ela não conta o que aconteceu, ficamos sem elementos para entender o caso, identificar modus operandi e solucionar os casos de forma rápida”, reforça a delegada.

A delegada se recorda da prisão de um estuprador em série que agia na cidade. Ele não cometia crimes em área específica, mas agia sempre da mesma maneira. Por isso, os depoimentos guiaram a polícia para identificar o agressor sexual, que foi preso e impedido de fazer novas vítimas.

Insegurança – Mulheres e homens que frequentam o Parque dos Poderes diariamente pedem que a segurança do local seja reforçada. Corredor que conversou com a reportagem na condição de anonimato acredita que é necessário propiciar a presença da polícia por lá. “Minha esposa e amigas correm no parque”, afirmou preocupado.

Ele mesmo já testemunhou cenas impróprias ao chegar bem cedo para praticar exercícios. “Uma vez fui às 4h de um domingo correr e vi, num estacionamento em frente à Sefaz [Secretaria de Estado de Fazenda], uma cena que não devia para nenhum filme pornô”.

Para o entrevistado, o fato de o parque ser usado como ponto para encontros sexuais é fator de insegurança. “A gente sabe que eventualmente há a comercialização de drogas, entre outras coisas.”

A representante comercial Arlene Echeverria, de 50 anos, acredita que o policiamento frequente no parque seria importante para manter os atletas seguros, embora ela nunca tenha presenciado violências no local. “Tinha que ter uma ronda específica. Mas eu corro ali desde 2015 e nunca tinha visto isso. Bandido daqui não vai ali. O que nos assustou é porque é de gente de fora”, disse referindo-se ao homem preso pelo ataque registrado, que é de Goiânia, conforme a apuração do Campo Grande News.

Arlene revela ainda que carrega consigo um spray de pimenta durante os treinos. “Que eu nunca precise usar, mas é algo que carrego para me defender”.

Uma corredora amadora de 31 anos, que também prefere não revelar o nome, relata que a insegurança de correr no local às vezes se estende ao período noturno. No dia 16 de novembro, ela aproveitou o domingo para ir correr no local no final da tarde; no entanto, no meio do seu trajeto, tudo ficou escuro, devido à falta de iluminação no local. “Não dava para ver nada, só continuei correndo, prestando muita atenção e com a ajuda da luz do celular, até chegar ao local que tem os quiosques e reencontrar minhas amigas”, disse.

Entenda – Nesta quarta-feira (26), Gleindon Barbosa da Silva, 33, foi preso por atacar corredora, também de 33 anos, em um ponto do Parque dos Poderes. Conforme relatado pela vítima à polícia, ele tentou arrastá-la para uma mata fingindo estar armado.

Conforme relatado pela mulher à polícia, ela corria próximo a uma das rotatórias do parque, a que faz a transposição da Avenida do Poeta para a Avenida Desembargador José Nunes da Cunha, quando percebeu um homem à sua frente, aparentando falar no celular. Quando ela passou por ele, o suspeito a agarrou pelos braços, apalpou seus seios e ordenou que ficasse calada.

Quando percebeu que ele portava um pedaço de pau para simular uma arma por debaixo da camiseta, a mulher reagiu e gritou por socorro. Outros praticantes de exercícios que também estavam no parque ouviram o pedido de ajuda e correram em sua direção, iniciando uma perseguição ao agressor.

O suspeito avançou desorientado até os fundos da Secretaria de Estado de Saúde, onde, em fuga, se jogou contra uma janela de vidro. Ele se feriu e foi contido por agente patrimonial até a chegada do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar.

A corredora fez o reconhecimento do agressor por foto. Ele foi levado para a Santa Casa, onde recebeu voz de prisão por tentativa de estupro e ainda não foi ouvido.

A Deam investigará o caso. O homem só será interrogado após receber alta médica, quando então será formalmente encaminhado à delegacia.

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