Museu, o “local das musas”, divindades que inspiravam as artes
Os europeus mudaram o modo de representar o passado ao organizar os objetos de modo a dar aos visitantes a impressão de progressão histórica, uma linha do tempo. Antes disso, as coleções de objetos, via de regra roubadas de outros continentes, eram montadas de acordo com os caprichos de seus donos e denominadas “gabinetes de curiosidades”.
Entra em campo a “excelência artística.
As coleções de objetos do mundo todo passam a ser montadas seguindo ideias muito bem definidas de como organizar o passado. A curiosidade perdia espaço e era destinada aos porões dos novos prédios chamados “museus”, o local onde residiam as musas. Quem entrava em campo era a excelência artística, algo difícil de ser definido.
A percepção de que a história avança em um só eixo.
Foram esses primeiro museus que nos deram a ideia - totalmente incorreta - de que a historia sempre avança em um só eixo de progresso evolucionário. Nem sempre avança, há muitos retrocessos. Essa ideia de uma única linha temporal estava embasada nas genealogias de deuses e de reis. A primeira lista que nos deu essa ideia foi a dos faraós egípcios - que era incorreta por terem apagado alguns deles.
A Idade de ouro.
A concepção de tempo expressa nos novos museus estava vinculado às religiões. Algumas delas nos contavam - e continuam contando - que a humanidade teria iniciado com uma Idade de ouro. Começara a decair, por falhas morais, indo a uma Idade de prata. A queda continuara, chegando à Idade de bronze. Tanto para cristãos, como para judeus e muçulmanos, a Idade de ouro só será recuperada no Dia do Juízo Final. A ideia da história contada nos museus era resultado de uma sociedade dos séculos XVIII e XIX que acreditava em um avanço de forma irreversível da democracia e das liberdades, bem como do desenvolvimento de máquinas cada vez mais potentes e de bens se tornando acessíveis a mais gente.
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